26.3 C
Manaus
30 de julho de 2025
CulturaDestaques

O Silêncio dos Kiña: Egydio Schwade e o genocídio indígena

"O Silêncio dos Kiña" traz relatos sobre o processo de alfabetização dos Waimiri Atroari e os crimes contra dois mil indígenas durante a ditadura militar

FOTO: Jonas Ezequiel 

Em 2025, o indigenista Egydio Schwade celebra 90 anos de idade e resistência na luta pelas comunidades originárias no Amazonas. Para marcar esse momento, o documentário bibliográfico e investigativo “O Silêncio dos Kiña” vai contar sua trajetória. Com roteiro e direção de Heraldo Daniel, o lançamento está previsto para 2026.

A produção presta uma homenagem em vida a Schwade, destacando os traumas que ele presenciou durante o contato entre os povos indígenas e os não indígenas. O filme foca principalmente em sua atuação como alfabetizador do povo Waimiri Atroari, que vive entre o sudeste de Roraima e o nordeste do Amazonas. Esse trabalho ocorreu no período crítico do fim da construção da BR-174 e da Hidrelétrica de Balbina, obras que impactaram profundamente essas comunidades.

A ideia do documentário surgiu quando Heraldo Daniel recebeu de presente o livro organizado por Schwade, A Ditadura Militar e o Genocídio do Povo Waimiri-Atroari. A obra denuncia o assassinato de aproximadamente 2 mil indígenas entre 1972 e 1977, durante a abertura da BR-174, que liga Boa Vista a Manaus. Dessa forma, a leitura despertou no diretor o desejo de conhecer o autor e personagem central da história.

“Após a leitura, quis conhecer o escritor e personagem principal da história, que alfabetizou o povo Kiña e teve contato com mais de 100 povos originários no Brasil”, relata Heraldo.

Além disso, ele reforça a importância de visibilizar os crimes da ditadura contra os povos indígenas. “Escutamos muito sobre perseguições a políticos, estudantes e artistas nos grandes centros urbanos. No entanto, pouco se fala sobre os mais de 10 mil indígenas mortos durante o golpe militar de 1964. Só na BR-174, foram 2.700 Kiña mortos — isso é assustador. Até bombas usadas no Vietnã caíram sobre as aldeias”, denuncia o diretor.

Produção

As filmagens aconteceram entre novembro de 2023 e setembro de 2024, em Manaus, São Paulo, Brasília, Vila de Balbina e Presidente Figueiredo — cidade onde Egydio Schwade vive com sua família há mais de quatro décadas.

Por isso, o projeto tem forte ancoragem territorial e histórica. Inclusive, o documentário foi contemplado pela Lei Paulo Gustavo, no edital nº 01/2023 de Fomento às Artes – categoria Audiovisual. O Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, financiou a produção, e o Governo do Amazonas, via Secretaria de Cultura e Economia Criativa, executou o projeto.

Na ficha técnica, Heraldo Daniel assina a direção e compartilha o roteiro e a pesquisa com Gustavo Soranz. A produção e a produção executiva ficaram a cargo de Izis Negreiros.

Além disso, a equipe técnica inclui Orlando Júnior e Antônio Faustino na direção de fotografia; Ricardo Juliani na direção de animação; Leandro Negreiros e Antônio Faustino na captação de som direto; Fernando Crispim na assistência de direção e logger; Herman Rebelo, Eliana Andrade e Vinicios Bórba na assistência de produção; Dom Demasi na cenografia; Jonas Ezequiel no making of e fotografia still; Daniel Simões na assistência de câmera; Marcelly Câmara como contrarregra; e Júlio dos Santos Neto como estagiário de captação de som direto. Douglas Derrossi e Wolnei Cesar prestaram apoio como motoristas.

Trajetória do diretor

Heraldo Daniel é sócio fundador da Maroaga Cultural e, atualmente, preside a Associação de Cineclubistas e Documentaristas do Amazonas (ACDA). Ele iniciou sua atuação no movimento cultural em 2001 e, desde então, tem se destacado no audiovisual.

Ao longo de sua carreira, dirigiu quatro curtas-metragens. Entre eles está Raiz dos Males (2008), que ganhou visibilidade por contar com o ator Chico Diaz e por conquistar prêmios em festivais como o Guarnicê de Cinema e o FestCineBelém.

Em seguida, Heraldo lançou seu primeiro longa documental em 2022: O Clã das Jiboias – O Jiu-Jitsu da Amazônia para o Mundo, que explora as origens do Brazilian Jiu-Jitsu.

Em 2025, ele lançará o segundo longa, A Rainha do Solimões, que retrata a história da cidade de Coari. Por fim, em 2026, o público poderá assistir a O Silêncio dos Kiña, consolidando a maturidade de sua obra documental.

Leia mais

Samba Manaus anuncia última edição em 2026 e promete despedida histórica

Matheus Valadares

URGENTE: Acidente envolvendo equipe do cantor Pablo deixa uma pessoa morta

Marcilon Souza

Homem é torturado e morto com mais de 15 tiros no bairro Colônia Santo Antônio

Matheus Valadares

Ao continuar navegando, você concorda com as condições previstas na nossa Política de Privacidade. Aceitar Leia mais

Ao utilizar este conteúdo, não esqueça de citar a fonte!