O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou nesta sexta-feira (8) o plano do governo de Israel de assumir o controle militar total da Faixa de Gaza. Segundo ele, a medida agravará ainda mais a crise humanitária na região, causando “mais mortes, sofrimento insuportável e crimes de atrocidade”.
A declaração foi feita após o gabinete de segurança israelense aprovar o plano, anunciado anteriormente pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de avançar com o controle territorial de Gaza, onde o país já realiza operações militares há quase dois anos. A decisão gerou duras críticas da comunidade internacional e de organismos de direitos humanos.
ONU: plano viola decisões internacionais
Em nota oficial, Türk ressaltou que o plano de Israel vai contra a decisão do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que ordenou a suspensão da ocupação e defendeu o avanço para uma solução de dois Estados e o respeito ao direito de autodeterminação do povo palestino.
“Essa nova escalada resultará em mais deslocamentos forçados em massa, mais mortes, mais sofrimento insuportável, destruição sem sentido e crimes de atrocidade”, afirmou Türk.
Ele também cobrou que Israel priorize a proteção da população civil, permitindo ajuda humanitária irrestrita e interrompendo imediatamente as ofensivas militares na região.
Hamas reage e chama plano de ‘crime de guerra’
Em resposta ao anúncio, o grupo Hamas classificou a decisão do governo israelense como um “crime de guerra”. Em comunicado, acusou Israel de ignorar o destino dos reféns ainda sob custódia do grupo armado palestino.
Na quinta-feira (7), Netanyahu declarou que Israel manterá uma presença militar na Faixa de Gaza por tempo indefinido. Sua justificativa é “garantir a segurança nacional”.
Apelo por ajuda humanitária e libertação de reféns
Volker Türk encerrou seu comunicado fazendo um apelo às autoridades israelenses e aos grupos armados palestinos:
“Em vez de intensificar essa guerra, o governo israelense deveria colocar todos os seus esforços para salvar as vidas dos civis de Gaza, permitindo o fluxo total e irrestrito de ajuda humanitária. Os reféns devem ser imediata e incondicionalmente libertados pelos grupos armados palestinos.”
A situação humanitária em Gaza permanece crítica, com milhões de civis em risco devido ao colapso de serviços básicos, falta de alimentos, água e medicamentos.