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21 de novembro de 2024
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Pauini está marcada por perseguição política sob a gestão de Renato Afonso

À esquerda, pessoas ligadas ao prefeito aparecem batendo em Tuane / Ao centro: prefeito Renato Afonso / À direita, Tuane Brito, vítima das agressões - FOTO:REPRODUÇÃO

O portal Amazonas Digital apurou uma série de denúncias sobre perseguição política na gestão do prefeito de Pauini, interior do Amazonas. Os casos, que vão desde violência física à ameaça de morte, envolvem pessoas que possuem alguma relação direta ou indireta com o prefeito Renato Afonso.

Tudo começou quando a jovem Tuane Brito, 33 anos, passou a denunciar a prefeitura do município. No dia 5 de fevereiro, Tuane precisou acompanhar sua amiga e a irmã dela, Maria Luiza da Silva, até o hospital. Maria sofre de problema renal e seu quadro clínico exigia uma transferência para Rio Branco, no Acre.

“Em abril eu denunciei a prefeitura, pois a irmã de uma amiga minha, que sofre de problema renal, estava doente. Ela foi hospitalizada, ficou em coma durante três dias e aguardou a aeronave, que estava prevista para sair às 13h, mas chegou apenas às 18h. Contudo, quando ela estava preparada para embarcar, o médico informou que a paciente não poderia viajar, pois a aeronave não aguentava balão de oxigênio.”, disse.

Tuane estranhou a informação, pois, segundo a jovem, o tamanho do balão de oxigênio necessário seria da altura de uma garrafa de café. Pouco tempo depois, a jovem e a irmã da paciente descobriram que o cancelamento da viagem se deu por outro motivo.

“Outras pessoas ligadas ao prefeito tomaram o lugar da mulher neste voo, inclusive com autorização do prefeito Renato Afonso. Além disso, a informação passada a elas, sobre o avião não possuir capacidade para levar balão de oxigênio, era falsa.”, disse a jovem.

Indignada, Tuane decidiu filmar e expor o caso nas redes sociais. A pressão fez efeito, o vídeo ganhou repercussão em vários sites de notícias e, felizmente, a paciente conseguiu ter direito ao voo. Maria segue internada desde então.

O início das perseguições

A pressão contra o prefeito Renato Afonso trouxe consequências negativas para Tuane que, desde então, passou a sofrer perseguição política na cidade. A partir da primeira denúncia contra Renato, o secretário de Saúde, Dawehalesson Pereira, 39, denunciou a jovem por difamação, pois Tuane os acusou de negligência.

Meses depois, mais precisamente no dia 21 de abril, Tuane estava bebendo com outras pessoas próximo a casa de Omar Mamed, assessor do prefeito. Quando a jovem avistou seu primo, a quem se dirige como ‘Mamão’, ela tirou uma brincadeira com ele.

“Eu estava na praça neste dia, com alguns colegas, e ele estava na casa do assessor do prefeito. Quando o avistei na sacada eu disse: “Depois nós iremos conversar, pois sempre que você passa pela minha filha você a insulta e ainda diz: ‘vou lá na Adelaide [nome que ele usava para chamar Tuane].

Em seguida, o secretário de saúde, que também estava na residência, aparece. Nisto, Tuane conta que se irritou e começou a discutir com o primo e o secretário.

“Naquele dia eu estava acompanhada de outro primo, do lado de fora, enquanto o secretário de saúde também estava na residência, junto de outro primo meu. Confesso que estava bebendo, sim, mas nesse dia me subiu uma raiva tanto com meu primo quanto com o secretário de saúde Dewalesson. Até então, eu não sabia que o secretário havia registrado um boletim de ocorrência contra mim.”

Em seguida, outra pessoa, chamada Aristides, desceu para reclamar com Tuane, que o acusou de criar perfis falsos na internet e ameaçá-la de morte. Tuane, inclusive, relata que já registrou vários boletins de ocorrência devido às ameaças que recebeu no Instagram. Contudo, o mesmo investigador – que viria a lhe agredir meses depois – era o responsável pelo arquivamento das denúncias.

“Você pensa que eu não sei sobre a criação dos fakes que você faz para me ameaçar de morte? Depois, um alvoroço se formou e toda a família saiu de casa para me agredir. Me lincharam. O mais espantoso é que, uma das pessoas que aparece armada no vídeo, é um policial militar e tio do assessor.”

Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra o PM armado e agredindo as demais pessoas que tentam protegê-la. Na outra imagem, o assessor do prefeito dá um soco em Tuane e a jovem cai no chão.

Inversão de valores

Quase dois meses após a primeira agressão, Tuane viveu, talvez, o pior momento de sua vida. No dia 16 de junho, Alisson Sena, investigador da Polícia Civil, em Pauini, agrediu covardemente a jovem.

De acordo com informações, a jovem estava conversando com um rapaz que é seu amigo e fornecedor da prefeitura. Tuane fez uma brincadeira com o rapaz e disse para ele tomar cuidado, pois a Polícia Federal estaria em Pauini. Logo em seguida, Alisson entrou no veículo do rapaz e Tuane brincou com o delegado, dizendo para ele também se cuidar.

Meia hora depois, o delegado retorna até a jovem e a intimida com questionamentos a respeito da sua brincadeira. Além do delegado dar um soco na jovem, seu cunhado, que integra a equipe do prefeito Renato Afonso também bateu em Tuane. Após a agressão, Alisson saiu do local junto com a namorada que, segundo informações, também trabalha para o prefeito de Pauini.

Com a rápida repercussão do caso, a Corregedoria Geral da Polícia Civil afastou o investigador de suas funções, a fim de apurar dos fatos.

Boletim de ocorrência não é prova

Tuane, agredida por aquele que é pago para proteger, acusa Alisson de ser “pau mandado” do prefeito. Além disso, a jovem denuncia como os boletins de ocorrência se tornaram uma “prova cabal” para aqueles que tentam diminuir suas acusações.

“Eles acham que registrar um boletim de ocorrência à toa, sem motivo substancial, me tornará como alguma criminosa ou pessoa malvista. Quando, na verdade eles estão buscando uma ‘válvula de escape’ para me incriminar. Não respondo a nenhum processo ou fui presa”, disse.  

Tuane conta que estranhou a conduta do investigador, uma vez que todos os boletins de ocorrência registrados contra ela caíam em sua mão.

“Há dois investigadores aqui no município. Contudo, todos os boletins contra mim são assinados por este investigador, que veio à Pauini recentemente. O inacreditável é que ele aceita qualquer denúncia do prefeito.”, disse.

O portal Amazonas Digital teve acesso a um dos boletins de ocorrência, datado no dia 5 de maio. Na denúncia, Renato afirma que a jovem foi à sua casa para ameaçar sua esposa e seu filho. Em seguida, ela passou numa motocicleta com uma caixa de som e o chamou de “ladrão e vagabundo”. Além disso, Renato afirmou que as ameaças são constantes e teriam objetivo de prejudicar sua imagem perante a sociedade.

O caso virou termo circunstanciado de ocorrência, mas a jovem e seu advogado rebatem a acusação.

“A música que passei ouvindo numa caixinha de JBL se chama Rato Branco. Ela existe há décadas, veio de Boca do Acre e se referia a outro prefeito. A música não fala do Renato, mas o boletim se tornou um TCO porque ele diz que o difamei e que ainda fui na frente de sua casa. Mas posso provar, com meu advogado, que eu estava em casa no horário citado”, disseram.

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