A lista de declarações polêmicas do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, aumentou. Dessa vez, durante uma reunião com assessores, ele chamou o movimento negro de “escória maldita, que abriga vagabundos”.
Sérgio Camargo deu as declarações numa conversa com dois servidores, a portas fechadas, no dia 30 de abril. O presidente da Fundação Palmares tratava do desaparecimento do seu celular de trabalho. O jornal “O Estado de São Paulo” publicou nesta terça (2) áudios dessa reunião.
Sérgio Camargo se referiu ao movimento negro como “escória maldita” e chamou os que participam dele de “vagabundos”.
“Alguém que quer me prejudicar. Invadiram esse prédio aqui para me espancar. Quem poderia ter feito isso? Invadiram com a ajuda de funcionários daqui. O movimento negro. Os vagabundos do movimento negro. Essa escória maldita”, afirma Sérgio Camargo.
Sérgio Camargo xingou Zumbi dos Palmares, símbolo da luta negra contra a escravidão, e disse ser contra a agenda da consciência negra: “Não tenho que admirar Zumbi dos Palmares, que, para mim, era um filho da… que escravizava pretos”. “Com certeza”, concorda o assessor. “Não tenho que apoiar Dia da Consciência Negra. Aqui não vai ter. Zero, aqui vai ser zero pra consciência negra”, conclui Camargo.
Esta não é a primeira vez que Sérgio Camargo se envolve em polêmica. A nomeação dele, em novembro de 2019, pelo presidente Jair Bolsonaro chegou a ser suspensa na Justiça por declarações incompatíveis com o cargo.
Sérgio Camargo já minimizou o crime de racismo, disse que a escravidão foi “benéfica para os descendentes”. Em fevereiro de 2020, o Superior Tribunal de Justiça acatou um recurso da Advocacia-Geral da União e Sérgio Camargo pôde assumir o cargo. A Defensoria Pública da União recorreu e aguarda julgamento.
A Fundação Palmares não respondeu aos questionamentos do Jornal Nacional. Em nota ao G1, Camargo disse que a gravação foi ilegal, que a Fundação Palmares está em sintonia com o governo Bolsonaro e que, infelizmente, ainda existem pessoas que não assimilaram esta mudança e tentam desconstruir o trabalho.