Na contramão dos problemas advindos da pandemia e, mais recentemente, do decreto estadual que fechou por 15 dias o comércio não essencial no Amazonas, alguns empresários readaptaram seus funcionamentos às entregas em domicílio e viram o que seria uma crise se transformar em oportunidade. A mudança também traz um outro benefício: cresce na capital amazonense a oportunidade de emprego para os entregadores, fundamentais para o serviço de delivery.
O empresário Leandro Soares, que junto com sua mãe possui uma churrascaria no bairro de Educandos, na Zona Sul de Manaus, explica que o processo de transformação do restaurante ao modelo exclusivo de entregas foi complicado e demorado.
“No pico da pandemia, em meados de Abril e Maio, nós sofremos bastante para nos adaptar inteiramente ao delivery de forma exclusiva, mas depois de um tempo fomos começando a pegar o estilo do negócio e começando a conquistar um público em específico, isso foi a nossa salvação. Foi o jeito que encontramos para poder continuar pagando as contas”, disse.
Leandro afirma que com a decisão judicial voltando a suspender as atividades, eles logo começaram a investir novamente no setor de entrega.
“Quando soubemos que teríamos que fechar, ficamos bem preocupados novamente, mas já sabíamos o que fazer, era logo começar com o serviço de embalar marmitas e entregar. Não paramos em momento algum, o que tem dado certo, pois voltamos novamente a relação com os nossos clientes de deixar a refeição até a casa deles. Hoje começou a aumentar esses pedidos de novo”, revelou.
Aumento no faturamento
Com o isolamento social, os bares não ficaram de fora do decreto. Para este setor, as vendas online de bebidas tiveram também um aumento significativo durante a quarentena. A mudança de hábito do consumidor elevou o volume de pedidos e de bebidas em Manaus.
É o caso de Evandro da Silva, que tem um Delivery de Bebidas online no bairro da Compensa, Zona Oeste de Manaus. Segundo ele, no pico da pandemia, o faturamento mensal de seu bar/distribuidora era de R$ 12 mil antes da pandemia, após o mês de Maio saltou para quase R$ 48 mil.
“Foi um pico que nunca tinha visto, apesar do momento que vivemos, estava tudo fechado, não tinha bares e festas abertas, as pessoas estavam em casa, e para curtir o final de semana, muitos clientes em 2020 faziam pedido de bebidas, eu dobrei o número de entregadores da minha empresa nesse momento”, afirmou o fundador da Distribuidora.
Profissão entregador
Um dos elementos mais importantes nessa pandemia são os entregadores, que fazem o percurso que as outras pessoas não podem. Atualmente, entregadores mais experientes da capital amazonense afirmam que quadruplicou na cidade o número de homens e mulheres que encontraram nos serviços de entrega de aplicativos, uma maneira de ganhar uma renda extra, ou até mesmo o orçamento familiar do mês.
Para o entregador Adriano Oliveira os pedidos aumentaram com o último decreto publicado pelo Governo do Estado, segundo ele, nos últimos dias não há horário de pico, pois o fluxo é intenso desde as primeiras horas do dia.
“Eu começo a trabalhar às 10h da manhã, começando com as entregas de almoço. Eu ligo o aplicativo e já aparecem várias entregas para fazer. Em média, por dia, eu tenho feito mais de 30 entregas. Antes do decreto, esse número de entregas que eu fazia era bem menor. O serviço voltou a crescer muito e tem sido benéfico, apesar do momento que enfrentamos”, avalia o motoboy.
Antecipação à crise
Segundo a economista Denise Kassama, quem conseguiu aplicar o delivery no seu negócio, sofreu menos nessa pandemia.
“Basicamente todas as atividades econômicas desde março, que trabalhavam com atendimento ao público ficaram prejudicadas e precisaram buscar alternativas para dar continuidade as atividades. Economicamente, os primeiros estabelecimentos que aderiram a modalidade de delivery foram os que sofreram menos na pandemia em comparação a outros setores que não podiam nem atender a demanda de seu público.” Afirmou a economista.
A especialista ainda analisa que apesar dessa nova forma de comércio, ela não impediu que muitas pessoas ficassem desempregadas.
“Deliverys e Drive-Thru foi uma maneira que segurou as despesas básicas dos comerciantes e garantiu a manutenção das micro empresas, mas não necessariamente a dos empregos, pois apesar dessa atividade ter crescido, muitos perderam seus empregos e lutam para voltar ao mercado de trabalho” analisou a especialista.