Profissionais da rede de saúde da Prefeitura de Manaus, iniciaram, nesta terça-feira, 25/5, no Centro de Convenções Vasco Vasques, bairro Flores, a participação em uma oficina conjunta de capacitação para elaboração de propostas que vão integrar o Plano Municipal de Eliminação da Malária.
O evento, denominado “Oficina Conjunta de Eliminação da Malária no Amazonas”, é organizado pela Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde (Opas/OMS), Ministério da Saúde, Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Doutora Rosemary Costa Pinto (FVS/RCP) e 16 municípios amazonenses, e será encerrado na próxima quinta-feira, 27/7.
Entre os profissionais da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), a oficina reúne representantes da gerência de Vigilância Ambiental, do Departamento de Atenção Básica (DAP) e dos cinco Distritos de Saúde de Manaus (Norte, Sul, Leste, Oeste e Rural).
De acordo com o subsecretário municipal de Gestão da Saúde, Djalma Coelho, o trabalho conjunto de diversas instituições é uma oportunidade para a construção de propostas que sejam ainda mais eficientes no combate à malária.
“A oficina é uma chance que temos de dividir experiências exitosas, compartilhar e construir um planejamento de forma conjunta. Assim, será possível construir um trabalho sólido, mais assertivo e eficiente em relação ao combate à malária”, destacou Djalma Coelho.
Planos
A programação da oficina contou com a participação do representante da coordenação do programa para eliminação da malária do Ministério da Saúde, Cássio Peterka, que explicou que o Plano Nacional de Eliminação da Malária tem como meta a eliminação da doença até 2035.
“A oficina é um momento em que podemos compartilhar o conhecimento entre municípios, estado e o Ministério da Saúde para que se consiga produzir um planejamento adequado que seja factível com a realidade local e, assim, atingir o objetivo final”, explicou o coordenador.
O Brasil, informou Cássio Peterka, vem conseguindo reduzir expressivamente os casos de malária nos últimos anos, mas que o objetivo agora é avançar nas ações que possam atingir a eliminação da doença.
“Costumo dizer que somos muito bons em controlar a doença, mas sem a perspectiva de eliminação. Então esse é o momento de sentar e conversar para avançar na eliminação da malária”, apontou Cássio.
A oficial nacional em Malária e Doenças Infecciosas Negligenciadas da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Sheila Rodovalho, explicou que ao final da oficina os representantes de cada um dos 16 municípios irão elaborar propostas que poderão incluídas nos planos municipais para a eliminação da malária.
“Cada município vai trabalhar com seus mapas e discutir sobre como fazer, quando fazer, em curto, médio e longo prazo, para eliminar a malária. O Ministério da Saúde tem um plano de eliminação e o estado do Amazonas também já tem o plano estadual. Após a oficina, cada município vai escrever seu plano de eliminação da malária”, informou Sheila Rodovalho.
A representante da Opas destacou, ainda, que a eliminação da malária é possível, considerando que a doença tem tratamento e que existem medidas conhecidas de controle que podem evitar a transmissão entre a população.
“Eliminar a malária significa não ter mais a transmissão local, mas não significa que as pessoas de outros lugares não possam chegar doentes em Manaus. E é possível trabalhar de forma efetiva para que aquele caso que chegou não circule no município, cortando a transmissão”, ressaltou Sheila Rodovalho.
Além de Manaus, a oficina conjunta foi direcionada para representantes dos municípios de Anamã, Anori, Autazes, Beruri, Caapiranga, Careiro Castanho, Careiro da Várzea, Coari, Codajás, Iranduba, Manacapuru, Manaquiri, Nova Olinda do Norte, Novo Airão, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva, assim como do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Manaus.
“Esse é o primeiro grupo de três oficinas que serão realizadas com os municípios do Amazonas. É um trabalho que faz parte das propostas do Plano Estadual de Eliminação da Malária e que visa discutir estratégias e diretrizes, as dificuldades encontradas e compartilhar as experiências exitosas, para que os municípios consigam direcionar e criar seus Planos de acordo com a realidade local”, informou a coordenadora do Programa Estadual da Malária, Myrna Barata.
Casos
O município de Manaus registrou 1.226 casos de malária de janeiro a 18 de julho de 2023, com 48% dos casos na zona Rural (19,7% na zona Rural Terrestre e 28,3% na zona Rural Fluvial) e 46,5% dos casos na zona Leste.
A diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador (Dvae), Marinélia Ferreira, lembrou que Manaus vem apresentando redução ano a ano desde 2018, quando houve o registro de 8.347 casos de malária.
Em 2022, o número total de casos chegou a 2.811, em uma redução de 37,1% em relação a 2021. Este ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, Manaus registra aumento de 20,9% no número de casos.
“O segundo semestre é um período sazonal da malária e ocorre um aumento de casos nesses meses, mas as ações estão sendo realizadas para o controle da doença. Como no ano passado houve uma redução muito importante, a variação de casos este ano era, até certo ponto, esperada. Mas, vendo o contexto do município, são questões pontuais que estão sendo trabalhadas. A perspectiva é que a gente consiga fechar o ano com estabilização desse quadro”, afirmou Marinélia Ferreira.
A diretora destacou, ainda, que a Semsa já trabalha com o planejamento de ações de prevenção e controle da malária, mas que a expectativa é que a oficina conjunta apresente novas metodologias de trabalho.
“A oficina deve trazer novos caminhos e novas estratégias mais eficazes para otimizar nossas ações de controle da malária, mas de forma específica para a eliminação da doença. Manaus vem de quatro anos de queda no número de casos, reduzindo a transmissão, e tem sido um desafio muito grande por se tratar de uma grande metrópole que recebe pessoas de vários locais do Amazonas e do país”, apontou a diretora.