MANAUS – O Centro de Artes Integradas do Amazonas (CAIA), localizado na Avenida Constantino Nery, n. 2066, Bairro São Geraldo, recebe, de 03 a 05 de julho, das 08:30 às 12:30, o projeto ‘Gira de Palhaças: Em busca do riso’. Trata-se de uma imersão cênica exclusiva para mulheres de diferentes contextos e identidades, cujo objetivo é promover encontros transformadores que unam saberes ancestrais e experiências artísticas. Por meio de exercícios da máscara clownesca, as participantes buscarão explorar suas singularidades como palhaças: suas intimidades, cumplicidades, afetos e desafios.
Oficinas
No primeiro dia, ocorrerá a oficina “Brincadeiras Afro diaspóricas e dramaturgia”, ministrada pela mestra Daniely Lima. Em seguida, no segundo dia, Ananda Guimarães conduzirá “Encruzilhada DEF: Uma Cosmocegueira Cênica Corpo-Voz”. Por fim, no terceiro dia, a mestra Antônia Vilarinho mediará “Corpo-Mandinga: Práticas de Terreiro”.
A Gira de Palhaças na visão da Coletiva
Segundo a Coletiva de Palhaças, “A Gira nasce do corpo e da escuta das mulheridades amazônidas, especialmente das mulheres negras, lésbicas, bissexuais, com deficiência, periféricas, travestis, mães, cuidadoras e artistas que resistem todos os dias nos seus fazeres, saberes e rituais.
Este primeiro ciclo é voltado a mulheridades que atuam ou desejam atuar na cena cultural, utilizando o riso como ferramenta de deslocamento, proteção, feitiçaria e reexistência. Além disso, a Gira propõe um espaço de troca que funciona como um quilombo provisório, um momento de presença e partilha, no qual cada participante pode se reconhecer como um corpo capaz de rir e fazer rir, sem pedir licença.”
Conheça as mestras-palhaças
Daniely Lima
Palhaça, atriz, produtora e pesquisadora manauara, Daniely Lima trabalha com comicidade negra, feminista e afro-diaspórica. Com mestrado em Sociedade e Cultura pela UFAM, ela investiga a presença da mulher negra nas artes cênicas amazônicas. Em suas oficinas, ela propõe dramaturgias que emergem da memória, da brincadeira, do corpo preto em riso e da ancestralidade como força criativa. Além disso, é diretora e artista premiada, com significativa contribuição para a cena artística amazônica.
Ananda Guimarães
Diretora, atriz e palhaça, Ananda Guimarães pesquisa as artes da cena e integra a Coletiva de Palhaças. Também dirige o Coletivo de Investigações Artísticas Erva Daninha e fundou o Laboratório de Pesquisa em Artes da Cena na CAIA – Trilhares, onde desenvolve a Metodologia Encruzilhada DEF, que aborda perspectivas de uma professora com baixa visão. No campo da acessibilidade, ela é fundadora do ADA (Artistas DEFs do Amazonas) e participa do GT de Acessibilidade Cultural da FUNARTE. Atualmente, ela também atua como consultora em acessibilidade cultural no Amazonas.
Artista Convidada: Antônia Vilarinho
Mulher preta, neurodivergente, capoeirista, mãe-atípica e palhaça, Antônia Vilarinho possui mais de três décadas de trajetória. Ela conduz a Palhaçaria de Terreiro, na qual o corpo-mandinga se mistura à espiritualidade, à cultura popular e aos saberes ancestrais. Com formação no Institut Le Rire Médecin (França), ela já atuou em diversas regiões do país. Além disso, é curadora, formadora e integrante da organização Palhaços Sem Fronteiras. Atualmente, ela apresenta o solo “A Mulher Festa”, em que riso e orixá se encontram em cena.
Evento de Encerramento
No dia 6 de julho, das 13h00 às 19h00, o Espaço Muiraquitã (Rua Cumucim, nº 100, Aleixo) sediará o encerramento do projeto. A programação inclui uma apresentação do processo vivido pelas palhaças durante a imersão, além do show “Samba das Moças”, que celebra a musicalidade negra com batuque, canto e dança, e da participação especial da DJ Blue.
Segundo Ananda Guimarães, “Unindo as metodologias da Palhaçaria de Terreiro e da Encruzilhada DEF, o projeto convoca outras formas de ver, ouvir e estar no mundo. Ao fim da jornada, a festa Muximba celebra não um fim, mas um ponto de virada – onde as sementes plantadas em corpo e riso seguem brotando nos territórios de cada mulheridade que passou por essa roda.”
Acessibilidade
A diversidade e a acessibilidade são prioridades para a Coletiva de Palhaças. De acordo com Ananda Guimarães, “esses fazeres confrontam o capacitismo e o preconceito que marginaliza corpos que fogem à normatividade.”
Idealização, realização e apoio
O projeto ‘Gira de Palhaças: Em busca do riso’ foi idealizado por Daniely Lima e realizado pela Aluá Produções em parceria com a Coletiva de Palhaças. Conta com o apoio do Governo do Estado do Amazonas, Secretaria de Cultura e Economia Criativa (SEC-AM), Conselho Estadual de Cultura (CONEC), Governo Federal, Ministério da Cultura, Centro de Artes Integradas do Amazonas (CAIA) e Espaço Cultural Muiraquitã, além de recursos da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), por meio do Edital de Execução de Ações Culturais de Circo.