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21 de novembro de 2024
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Reinfecção do coronavírus, uma dúvida dos médicos e da população

A cada dia, nesses últimos oito meses de 2020, se torna mais comum encontrar alguém que diz ter tido reinfecção pelo coronavírus (covid-19). A afirmação é que foi contaminado lá atrás e agora está apresentando novamente os sintomas da doença.

Entre esses relatos estão pessoas que testaram (geralmente em testes rápidos) positivo, mas nada sentiam. E há o outro lado: “Ela estava com sintomas, teve diarreia, enjoo, febre, coriza, tosse, mas o resultado deu negativo”.

São situações como essas que dão um nó na cabeça de médicos e da população mais ainda. Afinal, foi coronavírus ou outra virose? E agora, que o teste RT-PCR deu positivo, como o teste rápido lá atrás? É reinfecção ou não?

“Consultei o mesmo pneumologista que acompanhou a gente da primeira vez, e ele falou que não havia casos documentados de reinfecção em Pernambuco e que o que poderia ter acontecido era o meu caso ter sido falso positivo no começo, apesar de ser raro [o RT-PCR dar falso positivo], ou uma reinfecção pelo fato de eu ter tido muito leve, com uma carga viral muito baixa, e meu próprio organismo ter combatido a doença sem precisar criar uma imunidade”.

É o relato de uma pessoa no estado de Pernambuco, no nordeste brasileiro.

O caso chinês

No mundo, um caso de reinfecção pelo vírus da covid foi confirmado, em um homem de 33 anos na China. Em outros lugares, inclusive no Brasil, há relatos de pessoas que podem ter sido infectadas mais de uma vez.

Seria o caso de dois profissionais de saúde de Pernambuco, descritos em um artigo publicado na última quinta-feira (1º). No entanto, sem confirmação.

Danylo Palmeira ressalta que ainda não há certeza se imunidade que o indivíduo desenvolveu tem durabilidade suficiente para evitar novo contágio. Ele é infectologista dos hospitais das Clínicas de Pernambuco e Oswaldo Cruz.

“A gente não pode afirmar que a imunidade contra o novo coronavírus é duradoura e que os anticorpos são neutralizantes”.

Ele levanta outra hipótese para as suspeitas de reinfecção, que seria a de que fragmentos de material genético do vírus tenham persistido nas vias respiratórias. E foram detectados no exame.

“Como a gente tem uma miscelânea de vírus respiratórios circulando, como H1N1, H3N2 e adenovírus, você pode ser infectado por um deles e, coincidentemente, flagrar um RT-PCR para coronavírus de uma infecção antiga”.

Positivo ou negativo?

Muito se questiona da capacidade que os testes disponíveis no sistema de saúde têm para detectar a presença do vírus no organismo.

Mas, isso depende também do momento em que o exame é feito. Hoje, há basicamente dois tipos de teste para covid-19: os sorológicos, que retiram uma pequena amostra de sangue, e o RT-PCR, que extrai uma parte da mucosa do paciente.

Este, considerado “padrão-ouro” para covid-19, detecta partículas do agente infeccioso.

“Ou seja, ele mede a infecção no momento em que ela está ocorrendo. Para a gente conseguir acompanhar a epidemia, o que serve é o RT-PCR porque eu vejo quantos casos ativos eu tenho. Aí tem uma limitação do Ministério da Saúde de fazer o teste até o sétimo dia de sintomas. Depois disso, a quantidade de vírus está baixa, provavelmente não vai detectar nada”, disse especialista.

O teste RT-PCR

De acordo com Palmeira, são baixas as chances de um exame RT-PCR dar um falso positivo, ou seja, acusar a presença do vírus sem que a pessoa esteja infectada.

No entanto, a taxa de positividade do teste é de 63%, o que significa maior probabilidade de dar falso negativo.
“Se eu tiver um indivíduo doente, sintomático, e coletar o RT-PCR com a técnica correta, apenas 63% vão dar positivo. Então, eu posso estar com a doença e o meu exame ser negativo”, disse.

Uma das explicações para isso é que, em alguns casos, o vírus, no momento do exame, já migrou das vias respiratórias. E são nelas onde a coleta é feita, explicou o biólogo e doutor em genética Ronald Moura.

“A PCR é a melhor forma, mas a fonte biológica, onde você busca o vírus, está altamente relacionada com a fase da doença em que você está”.

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