A cheia do Rio Negro já atinge ruas no Centro de Manaus. Na Rua dos Barés, a água cobriu o asfalto em trecho de lojas comerciais. A calçada é o único meio de acesso.
O mais recente alerta do Serviço Geológico do Brasil, emitido em abril, estima que o Rio Negro atinja a marca de 29,8 metros no porto da cidade em junho. Caso a projeção se confirme, será a terceira maior cheia da história. A de 2009 atingiu 29,77 metros. O recorde foi no ano passado quando a régua de medição indicou 30,02 metros. Em 2019, a água atingiu 29,97, segunda maior marca, e a cheia durou 230 dias. A mediação do nível do rio é feita desde 1902.
A próxima previsão dos números da cheia será divulgada em 31 de maio. Ainda que o fenômeno seja esperado todos os anos, os comerciantes da área central dizem estar preocupados e começam a sentir os efeitos da enchente.
O comerciante Maurício Oleiro, de 22 anos, teme que as previsões se confirmem e o nível da água este ano supere o de 2021. Fornecedor de produtos para o próprio Mercado Municipal e Feira da Panair, Maurício diz que as vendas já foram afetadas. A cebola é o principal produto vendido e, por ser perecível, o comerciante cogita alugar outro local, mais protegido das águas, para armazenar o estoque.
As pessoas que trabalham ou precisam se deslocar para a área afetada enfrentam, além da alagação, o mau cheiro resultado da mistura com dejetos de esgoto e restos de lixo, um fator que também influencia no afastamento de clientes.
Ação governamental
Como parte do plano emergencial para enfretar a cheia, o governo do Estado anunciou, em 29 de abril, o Auxílio Enchente, no valor de R$ 300, para atender famílias atingidas. Nos municípios do interior, o plano inclui, ainda, a liberação de crédito e o perdão de dívidas com a Afeam (Agência de Fomento do Amazonas) para empreendedores que tiverem prejuízos por conta da cheia.
A previsão é que seja aplicado R$ 100 milhões no programa emergencial.