Madri (EFE).- O presidente do governo da Espanha, o socialista Pedro Sánchez, fez um apelo nesta quarta-feira para que a esquerda se mobilize para impedir que alguém como Donald Trump ou Jair Bolsonaro governe o país depois das eleições de julho.
Sánchez dirigiu-se aos parlamentares do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do qual é secretário-geral, dois dias depois de ter antecipado as eleições gerais para o próximo dia 23 de julho, após o mau resultado dos socialistas nas eleições municipais e regionais de domingo.
Em reunião na sede do Parlamento espanhol em Madri, Sánchez incentivou seus correligionários a se mobilizarem para deter na Espanha uma “corrente reacionária” que se espalha pelo mundo.
“Na Espanha podemos detê-la”, afirmou, depois que os resultados de domingo abriram as portas para que os governos locais e regionais do conservador Partido Popular (PP) fechassem pactos com a legenda de extrema-direita Vox.
O líder dos socialistas, que governa em coalizão com a formação de esquerda Unidos Podemos desde 2020, instou seus deputados e senadores a trabalhar para que esta dobradinha entre PP e Vox não se estenda ao governo da Espanha após as eleições de julho, já que em sua opinião ambos são de extrema-direita.
A este respeito, alertou que estes partidos vão copiar “os métodos dos seus professores norte-americanos” durante a campanha eleitoral, em alusão a Trump.
Neste momento de seu discurso, Sánchez relembrou seu encontro na terça-feira em Madri com a ex-secretária de Estado dos Estados Unidos Hillary Clinton, rival eleitoral do ex-presidente americano.
O chefe do governo espanhol alertou que durante a campanha eleitoral a direita tentará revelar supostos escândalos, como fez Trump contra Hillary, e que, se a esquerda vencer, falará em fraude eleitoral, como fez o republicano após perder as eleições seguintes para Joe Biden.
“Qual Espanha aspiramos ser, avançamos ou retrocedemos?”, questionou, ressaltando que a escolha definiria se o país seria governado por alguém ultraconservador como Bolsonaro ou progressista como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sánchez enumerou uma série de “avanços sociais” de seu governo, “em um contexto extraordinariamente difícil” devido à pandemia ou à guerra na Ucrânia, advertindo que estas correm risco se a direita governar.
O presidente do Executivo espanhol respondeu assim aos apelos para “revogar o sanchismo” nas próximas eleições, puxados pelo líder do PP, Alberto Núñez Feijóo.