Aliados do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), são contrários à participação dele em uma possível reunião com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB). Na ocasião, o vice-presidente e o governador de SP irão discutir a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.
Reunião proposta por Ibaneis Rocha
A princípio, o encontro está sendo articulado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), presidente do Fórum dos Governadores. Ele se reuniu com Alckmin na segunda-feira (28/7), mas ainda não convidou Tarcísio oficialmente para o diálogo.
Fontes do governo paulista informaram que não há previsão de reunião com representantes do governo federal antes de 1º de agosto, data em que a nova taxa norte-americana começa a valer.
Falta de efeitos práticos imediatos
De acordo com integrantes do Palácio dos Bandeirantes, o governo paulista prefere aguardar a efetivação da medida por parte dos EUA antes de agir. Para os aliados de Tarcísio, ainda há incertezas sobre os termos reais da tarifa, cuja única base conhecida é a carta enviada por Donald Trump ao governo brasileiro no dia 9 de julho.
Desconfiança quanto às intenções dos EUA
Aliados de Tarcísio avaliam que o governo americano pode ter outras motivações além das políticas e da suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mencionada no comunicado oficial da Casa Branca. Eles acreditam que mais informações virão à tona somente após o início da aplicação da tarifa.
Trump ignora parlamentares brasileiros
O entorno do governador também observa que o presidente americano não demonstra disposição para dialogar com governadores ou parlamentares brasileiros. Como exemplo, citam a comitiva de senadores atualmente nos EUA, que não conseguiu reuniões de alto nível com o governo norte-americano.
Medidas já adotadas por Tarcísio
Tarcísio de Freitas, por sua vez, já anunciou medidas para mitigar os impactos econômicos da nova tarifa. Uma delas é a criação de uma linha de crédito com juros subsidiados e a liberação de crédito de ICMS para empresas exportadoras em São Paulo.
Reunião pode fortalecer Alckmin politicamente
Para aliados próximos, uma conversa com Alckmin neste momento seria inócua. Segundo eles, o próprio presidente Lula (PT) já admitiu que o vice não tem obtido respostas concretas do governo Trump.
Mais do que resultados práticos, uma eventual reunião com Alckmin poderia fortalecer politicamente o vice-presidente — potencial rival de Tarcísio em 2026. O cenário seria diferente se Alckmin já tivesse uma agenda confirmada com autoridades de alto escalão dos EUA. Desse modo, a reunião daria um peso institucional maior.