Manaus sedia, entre julho e agosto de 2025, o projeto Tecendo a Ancestralidade, que oferece oficinas gratuitas de confecção e prática dos toques do agbê — um instrumento afro-brasileiro cheio de história, força simbólica e sonoridade vibrante. As atividades começam neste sábado, 12 de julho, às 14h, no Quilombo de São Benedito, no bairro Praça 14, e seguem até o final do mês. O encerramento ocorrerá com a oficina de ritmos no dia 2 de agosto, na Casa Teatro Taua-Cáa, em Santa Etelvina.**
O projeto recebeu apoio do Edital Macro 002/2024 do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), através da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), com recursos do Ministério da Cultura e da Prefeitura de Manaus, dentro do Programa de Cultura Itinerante do município.
As oficinas são gratuitas, acessíveis a todas as idades e abertas à comunidade. Os participantes não precisam se inscrever antecipadamente nem levar materiais — a organização fornecerá tudo durante as atividades. A programação prioriza moradores do Quilombo do Barranco e da Comunidade de Santa Etelvina, mas qualquer pessoa interessada em aprender sobre o instrumento pode participar, compartilhando sonoridades, saberes e práticas culturais afro-brasileiras.
Agbê: instrumento de ritmo, memória e resistência
Também conhecido como xequerê ou abê, o agbê é um instrumento percussivo de origem africana. Artesãos tradicionais o confeccionam com uma cabaça seca cortada em uma das extremidades e envolta por uma rede de contas de búzios, sementes e miçangas. O som do agbê se classifica como idiofone — ou seja, o próprio corpo do instrumento produz a vibração sonora. Ele acompanha ritmos como maracatu, coco de roda, afoxé, samba e ijexá.
Além da sonoridade marcante, o agbê carrega um profundo simbolismo. Mulheres majoritariamente o tocam, associando-o à ancestralidade, ao movimento e à espiritualidade. “É um instrumento de força, de empoderamento feminino, de luz que abre caminhos. Tanto é que o agbê vem na frente, ali nos baques virados; ele abre os caminhos de luz, de movimento, tanto do vento quanto das águas”, destaca Susana Cláudia Freitas, mestra da cultura e responsável pelas oficinas.
Dois ciclos para aprender, sentir e tocar
O projeto se divide em duas etapas. No primeiro ciclo, “Tecendo os fios da ancestralidade”, os participantes mergulham no processo de criação do instrumento: desde a escolha e o cuidado com a cabaça até a montagem da rede de miçangas, além de uma introdução à história e aos usos culturais do agbê. Já o segundo ciclo, “Toques percussivos”, oferece oficinas práticas focadas em ritmos tradicionais afro-brasileiros.
Além de Susana Cláudia Freitas, o Ponto de Cultura e Coletivo Cocada Baré participará das oficinas, conduzindo as atividades rítmicas e integrando cantos e danças às aulas.
Programação completa – Tecendo a Ancestralidade
📍 Quilombo Urbano do Barranco de São Benedito
Av. Japurá, 1527 – Praça 14 de Janeiro
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12 de julho (sábado), 14h
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19 de julho (sábado), 14h
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25 de julho (sexta), 19h
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26 de julho (sábado), 14h
📍 Casa Teatro Taua-Cáa
Rua Santa Eliana, 19 – Santa Etelvina
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2 de agosto (sábado), 9h