As vacinas contra a Covid-19 mais usadas no mundo podem provocar um ligeiro aumento da duração do ciclo menstrual, concluiu um grande estudo publicado nesta semana no jornal científico BMJ Medicine. Com dados de quase 20 mil pessoas do Reino Unido, Canadá, Estados Unidos e outros países da Europa, pesquisadores observaram que mulheres vacinadas tiveram um aumento médio do ciclo menstrual em menos de um dia.
Foram analisadas pessoas que haviam recebido os imunizantes de RNA mensageiro (Pfizer/BioNTech e Moderna), de vetor viral (AstraZeneca, Covishield, Janssen/Johnson & Johnson e Sputnik V) e de vírus inativado (Covaxin, Sinopharm e Sinovac/CoronaVac). O Brasil utiliza – ou já utilizou – os imunizantes da Pfizer, AstraZeneca e Covisheld, Janssen e CoronaVac.
Do total de mulheres que participaram do estudo, 14.936 haviam sido vacinadas e outras 4.686, não. As informações sobre o ciclo menstrual foram obtidas a partir do aplicativo de rastreamento de fertilidade Natural Cycles. Segundo o artigo, as mulheres vacinadas experimentaram um aumento de 0,71 dia do ciclo menstrual após a primeira dose da vacina e de 0,56 após a segunda dose, em comparação com as não vacinadas.
Este período aumentou para 3,91 dias entre aquelas que receberam as duas doses no mesmo ciclo menstrual. Os pesquisadores observaram também que 6,2% das mulheres vacinadas tiveram uma mudança na duração do ciclo de oito ou mais dias. Este percentual, entretanto, é próximo ao das que não haviam tomado vacina (5%).
Alterações como as ocorridas na maioria das participantes – inferiores a oito dias – são consideradas dentro da faixa normal de variação, salientam os autores do trabalho.
Os resultados servem, todavia, para fornecer “informações adicionais para aconselhar as mulheres sobre o que esperar após a vacinação”, afirma em comunicado a diretora do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano dos EUA, Diana Bianchi. “As alterações após a vacinação parecem ser pequenas, dentro da faixa normal de variação e temporárias”, acrescenta a especialista.
Os cientistas dizem serem necessários mais estudos futuros sobre outros aspectos de mudanças relacionadas à vacinação nos ciclos menstruais. Eles destacam, por exemplo, sangramento vaginal inesperado, alterações no fluxo e dor menstrual. O grupo também sugere aprofundar as buscas de respostas que determinem as razões físicas pelas quais essas mudanças podem ocorrer.