Ignorando a execução do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira no Vale do Javari, próximo à Atalaia do Norte, os vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) deturparam na manhã desta terça-feira (28) a crítica da cantora Anitta a respeito da ausência do estado na região e atacaram pessoalmente a artista. Os vereadores chegaram a aprovar moção de repúdio contra a cantora.
O vereador Marcel Alexandre (Avante) chamou Anitta de “mal rebolada da cabeça”, “imbecil” e ainda chegou a classificar a cantora de inimiga do Brasil por conta do posicionamento.
Durante o discurso na plenária da CMM, o vereador não leu o conteúdo das críticas da cantora. Ele se limitou a defender de maneira vaga o estado do Amazonas que não era alvo das críticas de Anitta.
“Equivocadíssima geograficamente, equivocada de todos os sentidos, de péssima qualidade de cidadão brasileiro para querer mandar recadinho de gente imbecil a cerca do nosso estado”, criticou o vereador.
Marcel cedeu a palavra para os vereadores Kennedy Marques (PMN) e Eduardo Alfaia (PMN), que seguiram na mesma linha do vereador, demonstrando desconhecimento do teor da declaração da artista que criticou especificamente a violência na região da Amazônia brasileira aumentada pela ausência do aparato estatal de segurança pública.
No dia 15 de junho, os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips foram encontrados na região do Vale do Javari, no Amazonas. A motivação do crime ainda é incerta, mas a polícia apura se há relação com a atividade de pesca ilegal na região.
No domingo (26), Anitta afirmou que a Amazônia é “uma grande terra de ninguém” e ninguém vê nada o que acontece na região. A fala da cantora foi feita em Portugal, antes de sua apresentação no Rock in Rio, em Lisboa.
Incomodado com as críticas, o vereador Peixoto (Pros) disse que a cantora foi irresponsável e que ela optou pela generalização e adicionou que o assassinato de Dom e Phillips foi grave: “Ninguém tampa o sol com peneira”. Ao rebater Anitta, Peixoto foi o único a ler textualmente a declaração da cantora.
Tentando minimizar as críticas, Peixoto disse que a Amazônia brasileira corta nove estados brasileiros e que mesmo assim o estado faz operações, citando o exemplo da apreensão de uma tonelada de droga pela Polícia Civil na semana passada.
Ele ainda lembrou a colaboração do estado do Amazonas nas buscas pelo indigenista e o jornalista com a presença da Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Esse aparato chegou uma semana depois da confirmação do desaparecimento. Antes as buscas eram feitas pela União dos Povos do Vale do Javari (Unijava).