O gabinete da Presidência da Ucrânia voltou a convidar nesta quinta-feira o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para visitar a Ucrânia e “ver com seus próprios olhos” as consequências da invasão militar russa, depois que Lula voltou a pedir pela abertura de negociações com a Rússia.
Em entrevista à Agência EFE, o vice-chefe do gabinete presidencial ucraniano, Igor Zhovkva, incentivou Lula a “vir à Ucrânia e ver com seus próprios olhos as atrocidades russas” para poder “julgar” em primeira mão a realidade do país.
“Que fale com meu presidente, e ele explicará tudo em detalhes, responderá a qualquer pergunta”, acrescentou o vice-chefe do gabinete de Volodymyr Zelensky.
Em declarações a diversos meios de comunicação em Bruxelas, Lula afirmou ontem que os países do mundo “estão começando a ficar cansados” da guerra na Ucrânia. O presidente disse que “chegará o momento em que terá que haver paz” e será necessário que “um grupo de países consiga dialogar com a Rússia e com a Ucrânia”.
Zhovkva afirmou que os comentários de Lula sobre o cansaço da guerra “combinam com as narrativas russas”. “Os russos falam sobre isso praticamente desde as primeiras semanas e os primeiros meses da guerra”, disse o assessor presidencial ucraniano.
O vice-chefe do gabinete de Zelensky declarou sobre esse suposto “cansaço” sobre Ucrânia que seu governo “não percebe o menor sinal de cansaço” entre seus aliados, que, enfatizou, continuam ajudando a Ucrânia militar, econômica e politicamente “mais de 500 dias” depois que a Rússia começou a guerra.
Sobre as relações de Kiev com Brasília, Zhovkva destacou que o Brasil tem apoiado a integridade territorial da Ucrânia e condenado a invasão russa na Assembleia Geral das Nações Unidas.
O assessor de Zelensky reafirmou o interesse da Ucrânia em envolver o Brasil na realização da chamada “Fórmula da Paz Ucraniana”.
Zhovkva sugeriu que o governo brasileiro lidere os esforços internacionais para restabelecer a “segurança ambiental” comprometida pela invasão russa, uma das prioridades da Fórmula da Paz de Kiev, que traça dez metas para acabar com a invasão russa e remediar seus efeitos.
Desde que Lula chegou ao poder, a Ucrânia redobrou os contatos com o Brasil, do qual espera obter mais apoio, apesar das divergências com um líder que defendeu em diversas ocasiões que Kiev negocie com o Kremlin antes que a Rússia termine a ocupação. O governo Zelensky coloca a retirada russa como condição essencial para abrir negociações.