14 de setembro de 2025
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A Doente Hereditária: Comédia contra a transfobia estreia no palco do Américo Alvarez nesta sexta-feira (16/08)

Divulgação

O espetáculo A Doente Hereditária, realizado pela KUMA Espaço de Criação, estreia no Teatro Américo Alvarez nos próximos finais de semana de agosto. Com um elenco formado por atores e atrizes trans, além de uma equipe criativa majoritariamente trans e LGBTQIAPN+, o projeto é a concretização de um sonho de Mariellen Kuma. A dramaturgia foi desenvolvida em 2022, em parceria com Dimas Mendonça, e em 2024, o espaço pôde realizar as audições e iniciar o processo de preparação.

 

“Dimas traz um texto que nos faz rir de pessoas que, apesar de muito eruditas, não conseguem lidar conosco (corpas dissidentes). Para mim, é um respiro de ar novo, poder atuar em ‘parece que não tenho autorização para estar aqui’ e agora dirigir esta produção maior. É um suspiro de alívio ver nossas vozes tomando protagonismo. E tudo isso é possível graças às ações afirmativas da Lei Paulo Gustavo, que nos permitiu acessar um edital LGBT+ incluindo cotas para pessoas trans,” comenta Mariellen Kuma.

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Mariellen Kuma em “Parece que não tenho autorização para estar aqui”:

O espetáculo estreou nos dias 09 e 10 de maio e realizou uma breve temporada

no início de agosto. A peça é mais um fruto da parceria entre KUMA Espaço de

Criação e o Processo Natimorto de Dimas Mendonça.

Imagem: Hamyle Nobre

 

A Doente Hereditária é uma adaptação do texto O Doente Imaginário, de Molière, feita por Dimas Mendonça. A comédia narra a história de Dona Mimi Feitosa, uma mulher da alta sociedade que acredita estar constantemente adoentada. Seus sintomas imaginários perturbam seu corpo e mente, levando-a a questionar sua moral e ética. O dramaturgo comenta sobre o processo de adaptação, onde a temática satiriza o preconceito velado.

 

“O teatro preserva tantos espaços que resistem à transformação. Nós brincamos com isso ao trazer um texto clássico de um autor clássico e subverter o discurso, usando esse espaço para dizer o que ainda não foi dito, de maneiras que ainda não foram feitas, com pessoas que ainda não contaram suas histórias dessa perspectiva,” diz Dimas Mendonça.

 

Desde 2020, a KUMA trabalha com oficinas de atuação e outros projetos com foco no alcance a corpa trans. Para este processo, as audições foram abertas tanto para pessoas com experiência teatral quanto para aquelas em sua primeira experiência profissional. O objetivo é desestigmatizar a marginalização do corpo trans e fortalecer sua presença na cena teatral amazonense.

 

Juma Pereira, que está na cena artística há alguns anos, começou cantando na igreja e participou de concursos culturais, como o Novos Talentos do Sesc. Dançarina de Vogue e Cultura Ballroom, Juma está em cena pela primeira vez com A Doente Hereditária e compartilha sua experiência nesse espaço de criação.

 

“Isso é essencial. Quando comecei na ballroom, foi quando comecei a me sentir acolhida e perceber que também posso ser uma potência para o mundo. Estar em um elenco transcentrado é importantíssimo para entendermos nossas potencialidades. Normalmente, não estamos nesses espaços da arte e da TV, e hoje estamos quebrando esses estigmas sobre nossos corpos e como vivemos em sociedade,” comenta Juma.

 

Duca Vieira, também atriz do elenco, já participou de musicais na cidade, como Divaland, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, e Ópera do Malandro, da Casa de Artes Trilhares. Ela conta como o teatro transformou sua vida.

 

“O teatro me leva a desconfortos necessários da nossa existência, desconfortos que me levaram ao encontro da minha transição. Dentro do teatro, comecei a me entender como uma pessoa trans. Passei a explorar meu corpo e onde ele tinha mais possibilidades. Estar em um espetáculo onde a essência da tua existência é a tua maior potência é o mais interessante e acolhedor daqui,” afirma Duca.

 

A preparação corporal do elenco é conduzida por Ananda Guimarães, artista DEF com baixa visão, que desenvolve a pesquisa Encruzilhada DEF: uma cosmocegueira cênica. Durante o processo, Ananda investigou com o grupo jogos que fogem de um corpo padrão.

 

“É como se a sala de ensaio fosse um solo muito fértil. Os jogos que trago fogem da bipedia, porque nossos corpos fogem da normatividade, mas acabamos nos forçando a aparentar que não. Então, trago jogos para potencializar os corpos como eles já são. Algumas pessoas na elenca nunca fizeram teatro antes, e isso é uma potência, pois vêm sem essa camada de reprodução do que é certo ou errado nas corporiedades,” explica Ananda.

 

O trabalho foi apoiado pelo Edital n. 005/2023 Identidade Cultural – Demais Linguagens, Concultura, ManausCult, Prefeitura de Manaus.

 

SERVIÇO

 

Datas: 16, 17, 23 e 24 de agosto

Horário: 20h

Local: Teatro Américo Alvarez, Av. Ramos Ferreira, 1572, Centro

Entrada: Gratuita

Mais informações: @kumayogacriacao

 

FICHA TÉCNICA

 

Direção: Mariellen Kuma

Assistência de Direção: Dante Abner

Preparação Corporal: Ananda Guimarães

Provocação Cênica: Dimas Mendonça

Preparação Cênica: Beckinha Longbeck

Dramaturgia: Dimas Mendonça

Projeto de Iluminação: Lu Maya

Styling e Beleza: Wendy Lady Oha

Produção: KUMA Espaço de Criação

Elenco: Diadorim, Duca Vieira, Gab Bianca, Juma Pereira, Ray Dias e Thom Brito Jr.

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