Após se tornar réu por tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou se defender nesta quarta-feira (26), negando ter articulado um golpe com os comandantes das Forças Armadas para suspender as eleições de 2022, como alegado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Bolsonaro destacou que, para um decreto de Estado de Defesa ser assinado, é necessário convocar os conselhos da República e da Defesa, o que não ocorreu. Ele também afirmou que os comandantes militares nunca se envolveriam em uma “aventura” de golpe de Estado e que discutir hipóteses constitucionais não é crime.
Em frente ao Senado, Bolsonaro passou 50 minutos falando, sem responder aos jornalistas, após o julgamento do STF que o tornou réu. Ele reforçou suas críticas às urnas eletrônicas e ao ministro Alexandre de Moraes, além de alegar ser vítima de perseguição política.
A denúncia da PGR aponta que, em 7 de dezembro de 2022, Bolsonaro teria se reunido com os comandantes militares no Palácio da Alvorada e apresentado uma minuta de golpe para suspender as eleições. A proposta foi rejeitada, mas, segundo a PGR, Bolsonaro tinha um discurso preparado para após o golpe.
Bolsonaro também usou as redes sociais para afirmar que queriam apressar seu julgamento para impedi-lo de disputar as eleições de 2026, embora ele já esteja inelegível até 2031. Ele comparou a situação do Brasil com a de países como Nicarágua e Venezuela, uma visão contestada por especialistas e políticos como o presidente da Câmara, Hugo Motta, que defende a continuidade da democracia no país.