Carlo Ancelotti faz sua primeira convocação como treinador da seleção brasileira nesta segunda-feira, 26. Ele busca resolver uma série de problemas para recolocar a equipe no posto de protagonista do futebol mundial. O italiano conta com a expectativa de extrair o melhor futebol de Vini Jr., assim como fez no Real Madrid, enquanto enfrenta dilemas envolvendo Neymar. Além disso, ele precisa provar que conhece o futebol brasileiro.
A situação se desenrola enquanto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) atravessa uma crise institucional. Após a destituição de Ednaldo Rodrigues, que contratou Ancelotti, o comando da entidade ficou nas mãos de Samir Xaud. Ele foi eleito como candidato único, devido ao atual formato do processo eleitoral, que dá mais peso às federações do que aos clubes. Portanto, o cenário exige que o treinador navegue por esses obstáculos administrativos.
Relação com brasileiros
Ancelotti possui uma grande vantagem: a ótima relação que construiu com jogadores brasileiros ao longo de sua carreira. Isso pode ser um dos maiores trunfos na sua chegada à CBF, além de seus 25 títulos, incluindo cinco de Champions League. Quando conquistou a segunda taça com o Milan, em 2007, Kaká foi a grande estrela. Com o Real Madrid, celebrou suas vitórias ao lado de brasileiros como Marcelo, Casemiro, Éder Militão, Vinícius Júnior e Rodrygo.
Ele é muito querido pelos atletas brasileiros, como demonstra a mensagem de Vini Jr. na sexta-feira, véspera do jogo de despedida de Ancelotti no Real Madrid. O jogador escreveu: “Carta aberta a Carlo Ancelotti. Obrigado mister, por tudo. VOCÊ É O MELHOR. Desde a sua chegada, você mudou a minha vida como jogador e pessoa. Me deu confiança, me fez crescer e esteve ao meu lado em todos os momentos, dentro e fora de campo.”
Apesar de ter sido eleito o melhor jogador do mundo em 2024 pela FIFA, Vinícius ainda não conseguiu reproduzir na seleção brasileira o futebol que exibe no Real Madrid. Raphinha, do Barcelona, enfrenta situação semelhante. Rivellino, campeão mundial em 1970, comentou: “Eu torço para que ele consiga fazer com que vários jogadores que atuam bem nos seus clubes rendam na seleção.”
Com a palavra, Zico
Ancelotti também terá o desafio de entender as particularidades do futebol brasileiro. Segundo Zico, ídolo do Flamengo, ele conhece bem o estilo nacional: “Ele gosta do futebol brasileiro, tem pensamento parecido com o nosso. Não só jogou com brasileiros, mas dirigiu muitos. Vai ter sucesso, mesmo com o pouco tempo de preparação.” Assim, o técnico deve avaliar atletas do futebol local e adaptá-los ao seu estilo de comando.
O dilema com Neymar é uma das principais questões da sua gestão. O atacante, atualmente no Santos, atuou apenas 17 jogos nas últimas duas temporadas pelo Al-Hilal e pelo próprio Santos. Fisicamente, ainda busca recuperar seu melhor desempenho após lesão muscular na coxa esquerda. Voltou a jogar na quinta-feira, 22, mas não evitou a eliminação na Copa do Brasil, diante do CRB.
O novo treinador precisará decidir se vale a pena construir o time ao redor de Neymar ou se a recuperação do atacante já virou um sonho distante. Dorival Júnior, antecessor de Ancelotti na seleção, chegou a convocar Neymar para a Data Fifa de março, mas o jogador se lesionou e foi cortado. Portanto, o técnico deve observar outros jogadores brasileiros que podem ser úteis para a equipe.
Mesmo sem experiência direta no futebol brasileiro, Ancelotti deve incluir nomes de equipes nacionais em sua primeira convocação nesta segunda-feira. Ele assume a seleção na quarta colocação das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026, com 21 pontos. Com o aumento de 48 para 64 seleções na fase final, o Brasil precisa garantir uma das seis vagas diretas ou disputar a repescagem, pois está a seis pontos da Venezuela, atualmente na sétima colocação.
Assim, restam quatro rodadas para o fim da disputa, e a equipe brasileira busca melhorar sua posição na tabela. Ancelotti enfrenta o desafio de consolidar um time competitivo, lidar com questões internas e garantir uma classificação segura para o Mundial nos Estados Unidos, México e Canadá.