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25 de abril de 2024
Mundo

Cientistas relatam possível caso de Parkinson pós-Covid

Após a descoberta que o Sars-CoV-2 pode invadir e até mesmo atacar células do cérebro humano, um novo relato indica um possível efeito dessa invasão: a doença de Parkinson.

O caso foi registrado em carta enviada para publicação na revista The Lancet por pesquisadores do Centro Médico Shaare Zedek e da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel.

Por ser um relato, e não um estudo científico, o anúncio consiste em um único paciente observado durante os meses de março a maio deste ano. Os autores dizem não ser possível afirmar com certeza que o Sars-CoV-2 levou à doença, mas relatos de outros vírus causando Parkinson, como influenza A, Epstein-Barr, varicela-zóster, hepatite C e até o vírus do Nilo ocidental são conhecidos na literatura médica.

O paciente, um homem de 45 anos, se apresentou no dia 17 de março ao Hospital Universitário Samson Assuta Ashdod com sintomas de tosse seca e dor muscular que haviam iniciado há seis dias, dois dias após ter voltado ao país de uma viagem aos Estados Unidos. Ele relatou que durante o voo de volta havia uma pessoa com tosse intensa sentada próxima a ele. Alguns dias depois, o mesmo disse apresentar perda de olfato.

Após o resultado positivo no exame RT-PCR, o homem permaneceu internado em uma ala exclusiva para Covid-19. Nos dias 25 e 30 de março, dois novos testes de RT-PCR deram resultado negativo e ele recebeu alta, e foi aí que passou a reportar os sintomas característicos de Parkinson.

Primeiro, ele descreveu dificuldades em escrever mensagens de texto e na fala, bem como episódios de tremor na mão direita. Em casa, ele continuou a apresentar tais sintomas e seguiu então para o departamento de neurologia do Centro Médico Shaare Zedek cerca de dois meses após receber o diagnóstico de Covid-19.

A avaliação médica constatou dificuldade de fala, rigidez no pescoço e no braço direito e esquerdo. Os exames de imagem de tomografia no cérebro, de sangue e sorológicos mostraram índices normais de sangue e células de defesa do organismo, e não foi encontrada nenhuma alteração significativa na imagem.

Um novo exame de PET Scan confirmou o quadro de Parkinson devido à alteração em neurônios dopaminérgicos, responsáveis pela produção de dopamina.

– Não é bem a doença de Parkinson, mas o que chamamos de parkisonismo, que é a sintomatologia de Parkinson dentro de um contexto de doença infecciosa, o que é bastante conhecido em muitas circunstâncias. Na própria Aids algumas manifestações neurológicas do HIV, como a lentidão cognitiva e motora, são associadas ao parkinsonismo – disse Augusto Penalva, neurologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

Ele explica que o Sars-CoV-2 não possui uma especificidade celular muito particular, podendo invadir qualquer célula contendo a molécula ECA2 (enzima conversora de angiotensina 2) como porta de entrada, o que favorece o comprometimento não só de um, mas de diversos tipos de células do sistema nervoso central.

– Em uma ampliação da infecção, com mais de 30 milhões de casos de Covid-19 no mundo, é evidente que isso se manifestaria porque ele [o vírus] não tem especificidade celular tão grande – declarou.

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