Nesta quarta-feira (23), a missão espacial da Índia Chandrayaan-3 pousou com sucesso no polo escuro da Lua, após uma complexa manobra de descida na superfície da face mais meridional do satélite, nunca antes explorada.
– Conseguimos um pouso suave na Lua – anunciou o diretor-executivo da Organização de Pesquisa Espacial da Índia (ISRO), Sreedhara Panicker.
A informação veio após a complexa manobra que fez da Índia o quarto país a pousar na Lua, um marco alcançado apenas por Estados Unidos, Rússia e China.
O módulo Chandrayaan-3 levou 40 dias em sua jornada desde que decolou em 14 de julho com o maior e mais pesado foguete de lançamento da Índia.
O primeiro-ministro indiano, o nacionalista hindu Narendra Modi, que está na África do Sul para participar da Cúpula do Brics, fez uma pausa em seu discurso para acompanhar online o momento do pouso do módulo na Lua.
– Estes momentos históricos tornam-se a consciência eterna da vida da nação. Este momento é inesquecível, sem precedentes, é o momento de um toque de clarim de uma Índia desenvolvida, é um grito de vitória para a nova Índia – declarou o primeiro-ministro, visivelmente emocionado.
O objetivo da missão é explorar a superfície lunar e descobrir detalhes sobre a quantidade e o estado da água existente nela. No polo sul, onde a luz do Sol não alcança, as temperaturas chegam a -203°C.
O pouso na Lua é uma conquista especial sem precedentes para a Índia, que em 2019 viu fracassar sua missão antecessora, a Chandrayaan-2. A expedição anterior tinha o mesmo objetivo e falhou justamente na manobra de desaceleração para tocar a superfície lunar.
Na ocasião, a memória do país ficou marcada pela imagem do primeiro-ministro tentando confortar com um abraço o então chefe do ISRO, Kailasavadivoo Sivan, que desatou a chorar com o fracasso.
– Fizemos uma promessa na Terra e a mantivemos na Lua. Nossos camaradas cientistas declararam: “A Índia está agora na Lua” – acrescentou Modi, nesta quarta.
A agência espacial indiana havia explicado, anteriormente, que a descida dos últimos 25 quilômetros do espaço até a superfície lunar era a “parte mais crítica do pouso”.
Nesta etapa, a velocidade de pouso foi de cerca de 1,68 quilômetros por segundo, com o Chandrayaan-3 na posição horizontal. A manobra consiste em mudar para a posição vertical durante a descida, o que depende da precisão de um cálculo matemático.
Um erro neste cálculo foi o que causou a falha do Chandrayaa-2, em setembro de 2019.
O centro de comando da missão, o MOX, lotado de cientistas, convidados especiais e jornalistas começou a aplaudir de emoção e se abraçar enquanto a distância de descida superou os dois quilômetros em contagem regressiva, com a velocidade diminuindo constantemente e superando a marca da tentativa anterior.