O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a Justiça brasileira está cumprindo seu papel no julgamento que aceitou a denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. A denúncia diz respeito à tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Na manhã de quinta-feira (27) no Japão, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, tornar réus Bolsonaro e mais sete pessoas. Eles são acusados de golpe de Estado e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito.
Lula destacou que a Suprema Corte está se baseando nos autos do processo, após meses de investigação pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. Ele ressaltou a importância das delações de pessoas influentes que relataram os acontecimentos no Brasil.
“É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no país”, afirmou Lula. Ele citou provas que indicam a tentativa de assassinato dele, do vice-presidente e do ex-presidente da Justiça Eleitoral. “Todo mundo sabe o que aconteceu nesse país”, completou.
O presidente também criticou os pedidos de perdão de crimes feitos por Bolsonaro e setores da oposição. “Não adianta ele ficar fazendo bravata e dizendo que está sendo perseguido. Só ele sabe o que fez e que não é correto. Pedir anistia antes do julgamento significa reconhecer a culpa”, observou.
A coletiva em Tóquio foi o último compromisso de Lula no Japão, onde cumpriu uma visita de Estado. Ele se encontrou com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba e com o imperador Naruhito. Agora, Lula segue para uma visita oficial ao Vietnã antes de retornar ao Brasil.
Congresso dos trabalhadores da Toyota
Essa foi a visita mais importante de Lula ao Japão desde 1975, quando ele ainda era sindicalista. Ele participou de um congresso dos trabalhadores da Toyota. O presidente destacou que a viagem fortaleceu os laços entre Brasil e Japão em temas como defesa da democracia e multilateralismo.
Sobre a avaliação da viagem, Lula disse: “Eu saio muito satisfeito. O objetivo foi estreitar a relação com o Japão em um momento em que a democracia corre riscos no mundo”. Ele enfatizou a necessidade de vencer o protecionismo e discutir mudanças na governança global, especialmente no Conselho de Segurança da ONU.
Em 2025, Brasil e Japão celebrarão 130 anos de relações diplomáticas. A visita de Estado japonesa ocorre, no máximo, uma vez por ano, mas não acontecia desde 2019, antes da pandemia. Lula também participou de reuniões com empresários, integrantes do movimento sindical e pesquisadores brasileiros no Japão.