O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse neste sábado (13) à Folha de S.Paulo que as Forças Armadas “se mantêm firmemente disciplinadas” e que seu papel tem sido tratado de forma “preconceituosa” no noticiário.
Mourão respondeu por escrito a um questionamento da reportagem sobre o conteúdo de nota oficial assinada por ele, pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo, na noite de sexta-feira (12), afirmando que as Forças Armadas “não cumprem ordens absurdas” e não aceitam tentativas de tomada de poder decorrentes de “julgamentos políticos”.
A Folha de S.Paulo perguntou a Mourão qual a mensagem eles queriam passar ao citar “julgamentos políticos”.
– Nas últimas semanas, o tema do papel das Forças Armadas surgiu no noticiário, tratado de forma até certo ponto preconceituosa e com os olhos postos em um passado que não volta mais. As Forças Armadas estão quietas, cumprindo sua missão constitucional, e neste exato momento temos gente defendendo a integridade do território e do patrimônio nacional nas fronteiras isoladas e na Operação Verde Brasil 2. Temos outros cooperando com a paz social, distribuindo água no Nordeste e participando ativamente do combate à pandemia; os demais estão empenhados na manutenção de sua capacidade operacional – disse o vice-presidente.
Mourão também destacou que as FFAA seguem um “juramento sagrado”.
– Não existem militares fardados dando declarações políticas e participando de manifestações, ou seja, as Forças Armadas se mantêm firmemente disciplinadas, fiéis a seu juramento sagrado de respeitar as autoridades e defender a honra, a integridade e as instituições com o sacrifício da própria vida – concluiu o vice-presidente.
Em entrevista à revista Veja, o general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, descartou a possibilidade de uma intervenção militar, criticou as acusações de fascismo feitas à administração, mas alertou a oposição: não “estica a corda”.
O general afirmou que pedirá para ser transferido para a reserva do Exército, para que suas decisões como ministro não sejam associadas às Forças Armadas.
A nota do Planalto foi divulgada na sexta (12) à noite, após decisão do ministro Luiz Fux (STF), que, por meio de liminar, delimitou a interpretação da Constituição e da lei sobre a atuação das Forças Armadas, fixando que elas não são um poder moderador.
Bolsonaro diz que Fux, em sua decisão, “bem reconhece o papel e a história das Forças Armadas sempre ao lado da democracia e da liberdade”. Mas manda recados ao Judiciário.
– As FFAA [Forças Armadas do Brasil] não cumprem ordens absurdas, como p. ex. a tomada de poder. Também não aceitam tentativas de tomada de poder por outro Poder da República, ao arrepio das leis, ou por conta de julgamentos políticos – afirma.