Após seis dias preso, MC Poze do Rodo deixou o Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (3), após a Justiça conceder um habeas corpus em seu favor. O funkeiro foi preso por suspeita de envolvimento com o Comando Vermelho (CV) e de fazer apologia ao tráfico de drogas em seus shows e músicas.
Primeiramente, a soltura atraiu cerca de 300 fãs e familiares, que passaram a madrugada aglomerados em frente ao presídio, esperando pelo artista. Poze saiu a pé, acompanhado por seus advogados, e a multidão o recebeu com aplausos e gritos de apoio. Um carro de som posicionou-se no local, e o público celebrou entoando seus maiores sucessos.
A influenciadora Vivi Noronha, mulher do cantor, também acompanhou a liberação. Ela foi alvo de uma operação da Polícia Civil nesta terça-feira, em uma investigação paralela que mira o núcleo financeiro do Comando Vermelho. A ação busca desarticular um esquema de lavagem de mais de R$ 250 milhões. No entanto, essa operação não tem relação direta com o caso de Poze.
Prisão desproporcional
A defesa do artista comemorou a decisão da Justiça. O advogado Fernando Henrique Cardoso Neves declarou que a prisão foi desproporcional e que o funkeiro não possui qualquer envolvimento com atividades ilícitas. Segundo ele, “a decisão dá espaço à única presunção existente no direito, a de inocência”.
Entre os argumentos apresentados pela defesa, está o fato de Poze já ser alvo de investigação em outra circunstância, por acusações semelhantes. Contudo, a Justiça o absolveu em duas instâncias. Desse modo, os advogados também ressaltaram que o cantor sempre esteve à disposição para colaborar com as autoridades e jamais tentou obstruir qualquer investigação.
Apesar da soltura, o artista terá que cumprir medidas cautelares. Ele está proibido de manter contato com outros investigados, de frequentar determinados locais e deverá comparecer periodicamente à Justiça para prestar esclarecimentos. Essas restrições visam garantir o andamento regular das apurações.
Em sua decisão, o desembargador Peterson Barroso Simão criticou a condução da prisão. Ele apontou indícios de abuso por parte da polícia e destacou as autoridades o expuseramde forma desnecessária à mídia. “O paciente teria sido algemado e tratado de forma desproporcional, com ampla exposição midiática, fato a ser apurado posteriormente”, afirmou.