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19 de junho de 2025
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ONU exige investigação independente após mortes de palestinos em Gaza

Secretário-Geral António Guterres pede responsabilização e revela relatos de civis feridos durante operações humanitárias

FOTO/REPRODUÇÃO

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu uma investigação independente sobre a morte de palestinos perto de um centro de distribuição de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Portanto, nesta terça-feira (3) ele enfatizou a necessidade de responsabilização pelos eventos ocorridos no último domingo (1º).

A agência de defesa civil afirmou que, pelo menos, 27 pessoas morreram no sul do enclave quando tropas israelenses abriram fogo novamente. Além disso, o diretor-geral do Hospital Nasser, em Khan Younis, relatou que 24 civis morreram e 37 ficaram feridos, vítimas de disparos feitos pelas forças israelenses enquanto aguardavam ajuda em Rafah.

Testemunhas relataram terem sido atingidas enquanto esperavam por alimentos no centro de Rafah, administrado pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), que recebe apoio dos EUA e de Israel. A Cruz Vermelha informou que seu hospital recebeu 179 feridos naquele dia, dos quais 21 morreram. Em contrapartida, a Defesa Civil, controlada pelo Hamas, calculou o número de mortos em 31.

 Pontos de distribuição e relatos conflitantes

Anteontem, o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (Ocha) divulgou um vídeo filmado perto de um dos locais de distribuição no centro de Gaza. As imagens mostram uma multidão aglomerada em torno de quatro corredores delimitados por vedações metálicas, em um terreno baldio cercado por ruínas.

Alguns guardas de segurança, ao lado de veículos blindados, conversavam com os palestinos em inglês. O local se estende entre montes de terra e areia, e as imagens também mostram pessoas se empurrando na tentativa de chegar ao auxílio.

O exército israelense negou que suas tropas tenham disparado contra civis no local, alegando que as informações a esse respeito eram falsas. A GHF também afirmou que os relatos eram “pura invenção” e que não tinha provas de ataques em suas instalações ou nas proximidades.

“Estou chocado com os relatos de palestinos mortos e feridos enquanto procuravam ajuda em Gaza”, afirmou António Guterres na rede social X. Ele fez um apelo imediato por uma investigação independente sobre os acontecimentos e pediu responsabilização dos envolvidos.

Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel classificou os comentários da ONU como uma “vergonha” e criticou o fato de não mencionar o Hamas.

 Situação humanitária e bloqueio

A situação na Faixa de Gaza é devastadora. Desde o início do bloqueio, que dura mais de dois meses, a escassez de alimentos, medicamentos e bens essenciais se agravou. Na semana passada, houve um leve alívio parcial, mas a crise persiste.

Volker Türk, chefe dos direitos humanos da ONU, afirmou à BBC que a ajuda humanitária está sendo prestada de forma “inaceitável” e “desumanizante”. Segundo ele, isso demonstra um total desrespeito pelos civis, que estão desesperados por comida e medicamentos há quase três meses.

 Vítimas e relatos de ataques

De acordo com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), o hospital de campanha em Rafah recebeu um grande número de vítimas, totalizando 179 casos, incluindo mulheres e crianças. A maioria sofreu ferimentos de bala ou estilhaços, e 21 morreram ao chegar. Todos os pacientes afirmaram que estavam tentando chegar a um local de distribuição de ajuda.

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF) também relataram que suas equipes no hospital Nasser, em Khan Younis, trataram pessoas com ferimentos graves, algumas em estado crítico. Segundo a organização, esses pacientes relataram terem sido alvejados por drones, helicópteros, barcos, tanques e soldados israelenses. Além disso, o irmão de um membro da equipe foi morto enquanto tentava obter ajuda no centro de distribuição.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) emitiram um comunicado afirmando que um inquérito inicial indicou que suas tropas não dispararam contra civis perto ou dentro do local, classificando as alegações como falsas.

Distribuição de ajuda e relatos conflitantes

O porta-voz do exército, brigadeiro Effie Defrin, acusou o Hamas de espalhar rumores e tentar impedir brutalmente que a população de Gaza acessasse os centros de distribuição.

Na segunda-feira, as autoridades de Gaza informaram que outros três palestinos foram mortos por fogo israelense perto do mesmo centro da GHF, em Rafah. Um porta-voz da Cruz Vermelha afirmou que seu hospital de campanha recebeu 50 feridos, enquanto o hospital Nasser confirmou a chegada de um terceiro corpo.

O exército israelense declarou que disparou tiros de aviso contra suspeitos que avançaram na direção das tropas, a cerca de um quilômetro do local, e que seus militares estão analisando detalhes do incidente.

Além disso, a Defesa Civil notificou que 14 pessoas, incluindo seis crianças e três mulheres, morreram em um ataque na cidade de Jabalia, no norte de Gaza. Mais de 20 pessoas estariam desaparecidas sob os escombros.

O IDF afirmou que seus aviões atingiram alvos militares, túneis subterrâneos e armazéns de armas. Por sua vez, o Hamas desmentiu essas informações, alegando que não houve feridos ou incidentes nas operações.

O embaixador dos Estados Unidos em Israel, Mike Huckabee, criticou a cobertura da mídia, acusando o Hamas de espalhar “relatos exagerados e fabricados” para alimentar o ódio.

 Contexto do bloqueio e ofensivas militares

Israel impôs um bloqueio total à Faixa de Gaza em 2 de março, retomando sua ofensiva militar duas semanas depois. Essas ações visam pressionar o Hamas para libertar os 58 reféns ainda detidos, dos quais pelo menos 20 estão vivos.

Em 19 de maio, as forças israelenses lançaram uma ampla ofensiva, com o objetivo de assumir o controle de toda a região de Gaza. No dia seguinte, anunciaram que o bloqueio seria temporariamente alleviado, permitindo a entrada de alimentos básicos.

Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou em cerca de 1.2 mil mortos e 251 reféns, as operações militares de Israel continuam. Segundo o Ministério da Saúde do território, mais de 54.470 pessoas morreram em Gaza, incluindo 4.201 desde o início da ofensiva atual.

 

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