A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) divulgou nesta terça-feira, 29, os detalhes da prisão de um homem em Beruri, interior do Amazonas, que se passou por perito judicial para coagir vítimas de estupro. Além disso, essa ação ocorreu nessa segunda-feira (28), pela 80ª Delegacia Interativa de Polícia (DIP) do município.
De acordo com o delegado Paulo Magivnier Elvys Marcos Pereira Gomes, de 55 anos, fez com que duas adolescentes mudassem seus depoimentos contra os autores. Assim, “Elvys se apresentou às vítimas como perito judicial para coagi-las a alterar seus depoimentos. Quero alertar a população de Beruri: quem tentar acobertar casos de abuso sexual, especialmente em âmbito familiar, a lei os responsabilizará”, destacou o diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI).
Por outro lado, a prisão de Elvys é um desdobramento de outra investigação da 80ª DIP. Portanto, essa apuração levou às prisões de dois homens, de 43 e 79 anos, pai e avô das adolescentes, respectivamente.
Investigações e denúncias
De acordo com a delegada Rosane Ferreira, da 80ª DIP de Beruri, as investigações começaram em outubro de 2024. Nesse sentido, na época, a polícia prendeu o pai e o avô das quatro adolescentes, com idades entre 13 e 15 anos, por estupro de vulnerável. Após essa prisão, a polícia descobriu vídeos nos quais o falso perito questionava as vítimas sobre a denúncia de abuso sexual contra o pai.
Na gravação, o homem dizia às adolescentes que estava na residência delas com o conhecimento da Polícia Civil, o que é falso. Além disso, as imagens revelaram violência psicológica, e as vítimas estavam bastante abaladas, sentindo-se culpadas pelo encarceramento do pai. A delegada explicou que a família das vítimas contratou Elvys para tentar inocentar os suspeitos, pois não acreditavam nos depoimentos.
Dessa forma, a polícia suspeita que ele possa ter atuado em outros municípios do Amazonas. Portanto, a população é orientada a denunciar caso encontre alguém se apresentando como perito judicial sem autorização, especialmente em delegacias ou na casa de vítimas.
Procedimento legal
A Lei de Escuta Especializada manda que o depoimento de crianças e adolescentes seja sempre acompanhado por uma autoridade policial ou judicial. Assim sendo, ninguém pode se dizer perito para alterar esses depoimentos, pois isso prejudica ainda mais o psicológico das vítimas. Elvys responderá por coação e crime de estupro de vulnerável e está à disposição da Justiça.
Alerta às famílias
Portanto, a delegada reforça que casos de pessoas se passando por peritos para descredibilizar vítimas são recorrentes, principalmente em crimes cometidos no âmbito familiar. Ela pede que as famílias apoiem as vítimas e garantam que seus depoimentos sejam ouvidos com segurança. A responsabilização dos suspeitos é fundamental para evitar traumas mais profundos nas vítimas.
Prisão e cumprimento de mandado
Na manhã de segunda-feira, um policial civil, da DECCM centro-sul, reconheceu Elvys ao procurar a delegacia para acompanhar um caso. Além disso, o policial já tinha conhecimento do mandado de prisão em aberto e comunicou imediatamente a equipe. Assim, a prisão foi efetuada de forma rápida e segura.
Por fim, Elvys Marcos Pereira Gomes responderá por coação no curso do processo por estupro de vulnerável, estando à disposição da Justiça.