26.3 C
Manaus
19 de junho de 2025
AmazonasDestaques

Seis Vezes Pirarucu: Celebrando a gastronomia sustentável e a valorização das comunidades do Amazonas

Evento no restaurante Moquém do Banzeiro destaca o manejo responsável do maior peixe de escamas de água doce do mundo,

FOTO/REPRODUÇÃO

A Ventrecha de Pirarucu, corte nobre do maior peixe de escamas de água doce do mundo, foi a estrela durante a experiência gastronômica “Seis Vezes Pirarucu”, realizada no restaurante Moquém do Banzeiro, na zona Centro-Sul de Manaus. O evento reuniu renomados chefs brasileiros em uma celebração dos sabores amazônicos e do manejo sustentável de pesca promovido pelas comunidades do Médio Juruá e de outras áreas de pesca no Amazonas.

Com realização da Revista Prazeres da Mesa, da marca coletiva Gosto da Amazônia e da Associação dos Produtores Rurais de Carauari (ASPROC), a iniciativa destacou a excelência gastronômica do Pirarucu de manejo e sua importância socioambiental. Assim, a experiência buscou valorizar o trabalho das comunidades locais e promover a preservação do ecossistema amazônico.

A condução ficou por conta de três chefs de destaque: Débora Shornik, do restaurante Caxiri; Priscila de Deus, do Chez de Deus em São Paulo; e Felipe Schaedler, do Moquém do Banzeiro. Cada um apresentou duas criações exclusivas utilizando a Ventrecha, parte valorizada do Pirarucu, conhecida por sua textura delicada e sabor marcante. Essa parte é excelente para receitas assadas, ressaltando a versatilidade do peixe.

Menu da noite:

Débora Shornik:
– Barriga na lata: Ventrecha confitada na banha de porco, vinagrete de feijão manteiguinha, mousseline de banana pacovã com puxuri e chaya crispy.
– Isca no cone: Cubos de Ventrecha frita e belisquete de macaxeira com molho de tucumã acevichado.

Priscila de Deus:
– Ventrecha na brasa: Ventrecha na brasa, molho Thai com especiarias amazônicas e cuscuz de uarini com castanhas-do-Pará.
– Pirarucu na prancha: Peixe com manteiga de beef tallow, arroz caldoso de yanomami defumado ao molho de tucupi, emulsão de jambu e vinagrete de pupunha.

Felipe Schaedler:
– Pirarucu empanado: Com tapioca e fonduta de queijo grana.
– Pirarucu confit: Com mel de jandaíra, tomate curado e brotos.

Todos os pratos foram harmonizados com os vinhos Casa Perini Sauvignon Blanc e Casa Perini Merlot, reforçando a experiência sensorial e cultural do evento.

Manejo sustentável e protagonismo comunitário

Mais do que uma simples experiência gastronômica, o “Seis Vezes Pirarucu” reforçou a importância do manejo sustentável de pesca. O trabalho é promovido pelas comunidades ribeirinhas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Médio Juruá e do Acordo de Pesca de Carauari.

Dessa forma, a comercialização do pirarucu selvagem de manejo sustentável ocorre por meio da marca coletiva Gosto da Amazônia, cuja gestão é feita pela ASPROC. Assim, há mais de três décadas, essa organização atua na defesa dos direitos e na promoção da qualidade de vida dos povos extrativistas da região.

Ana Alice Britto, coordenadora comercial da ASPROC, destacou que a trajetória da organização é marcada pela superação e pela busca pela valorização do extrativismo sustentável. Ela afirma: “No início, nossa luta era contra a miséria e pela liberdade. Depois de 30 anos, seguimos firmes, agora pela valorização do homem e da mulher extrativista, preservando os recursos naturais e fortalecendo cadeias produtivas como a do pirarucu.

Produto natural

As comunidades ribeirinhas da Amazônia mostram que é possível viver de forma digna da floresta. A marca Gosto da Amazônia é fruto desse esforço coletivo, que alia sustentabilidade, geração de renda e valorização do extrativismo comunitário.”

Além disso, o modelo de pesca manejada, regulamentado pelo Ibama, garante um produto natural, livre de aditivos químicos, com alto valor nutricional, rico em ômega 3 e sustentável. Assim, promove a recuperação dos estoques pesqueiros, a geração de renda para as comunidades e a proteção do território amazônico.

O evento também proporcionou momentos emocionantes, com falas do time da ASPROC e dos chefs. Eles compartilharam suas experiências com o Pirarucu e o contato com as comunidades que tornam essa cadeia produtiva possível.

Desse modo, Débora Shornik, Priscila de Deus e Felipe Schaedler falaram sobre suas impressões, emoções e aprendizados sobre a Amazônia.

Felipe Schaedler comentou: “Esse evento é muito importante para nós porque, ao fazer essa comparação, percebemos que nem só de picanha é feito o carneiro, principalmente no Sudeste. No caso do pirarucu, a ventrecha é o prato que mais vendemos nos nossos restaurantes. Começamos essa jornada há cerca de três meses e é uma alegria muito grande poder estar com essas duas gigantes da gastronomia.”

Débora Shornik, do Caxiri Manaus, convidou os colegas chefs: “Acredito que precisamos nos desafiar como cozinheiros. Quero convidar os colegas de Manaus e de fora para que assumam esse papel de embaixadores e que a gastronomia seja uma ferramenta capaz de manter a floresta em pé. Além disso, peço que os consumidores se abram para ajudar na preservação da floresta, consumindo insumos como o pirarucu e, principalmente, a ventrecha.”

Ela também destacou:

“Sempre me emociono ao falar sobre o manejo sustentável do pirarucu. Conhecer esse trabalho de perto, durante uma expedição em 2022, foi uma experiência impactante. Viajar do centro de Manaus até a origem do produto nos fez entender ainda mais a responsabilidade de levar essa mensagem adiante. Precisamos proteger quem cuida da nossa floresta, valorizando o produto dos ribeirinhos e defendendo essa cadeia de vida.”

Valorização do território amazônico

Por fim, a iniciativa reforça a importância da valorização da sociobiodiversidade amazônica. Assim, ela reforça o trabalho das comunidades tradicionais com chefs renomados e consumidores de diferentes regiões do Brasil.

Assim, demonstra que o Pirarucu de manejo é mais que um ingrediente de alta qualidade, pois representa uma cadeia produtiva justa. Respeitar oo meio ambiente é transformar vidas na Amazônia.

Quilvilene Cunha, manejadora da comunidade São Raimundo, destacou: “O manejo do pirarucu é a alternativa que mais preserva o meio ambiente no nosso território e fortalece as organizações comunitárias. Além disso, a própria comunidade protagoniza todo o processo de vigilância e preservação até o momento da captura. É um trabalho coletivo que gera resultados coletivos.”

Ela também ressaltou os benefícios sociais e econômicos, especialmente para as mulheres: “O manejo do pirarucu traz melhorias na infraestrutura, acesso à energia solar e reconhecimento às mulheres que atuam na cadeia produtiva. Essa valorização faz toda a diferença na vida das famílias, com impacto direto na qualidade de vida.”

Potencial gastronômico

O “Seis Vezes Pirarucu” foi uma realização conjunta de instituições que acreditam no potencial da gastronomia como ferramenta de transformação social, ambiental e cultural, promovendo o desenvolvimento sustentável na região amazônica.

Leia mais

Míssil iraniano danifica hospital em Israel e deixa dezenas de feridos

Matheus Valadares

VEJA: Criminosos jogam homem para fora do carro e o executam em plena Avenida Brasil

Matheus Valadares

Desentendimento entre internos causou morte de detento na Unidade Prisional do Puraquequara

Matheus Valadares

Ao continuar navegando, você concorda com as condições previstas na nossa Política de Privacidade. Aceitar Leia mais

Ao utilizar este conteúdo, não esqueça de citar a fonte!